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sábado, 21 de junho de 2014

Há certos sites que me dão nojo

É bastante popular entre a minha geração um site de entretenimento chamado 9gag. Eu, a princípio, achava graça à coisa. Mas depois fui perdendo o interesse à medida em que o site ridicularizava os estudantes de Artes e de Letras, com posts que asseguravam que os engenheiros eram de confiança, etc. e tal. Isto irritava-me, pois era estudante de Línguas e Humanidades e não achava que iria trabalhar numa cadeia de fast food. Deixei de frequentar o sítio.
Há uns dias decidi dar uma segunda chance e lá me fui entretendo. Entre posts sobre o mundial e Game of Thrones, a coisa estava a tolerar-se. Depois, deparei-me com um enorme post escrito por um rapaz (claro) que dizia, resumidamente, "vocês europeias são umas privilegiadas, então estão a usar o feminismo porque um gajo vos diz alguma coisa sobre o vosso aspecto físico?? Vão mas é resolver o problema da condição feminina nos países da Arábia Saudita".(*)
Não consegui encontrar de novo esse post, mas se pesquisarmos pela palavra "feminist" os resultados arrepiam-me. Está tudo aqui. O ódio às "feminazi" como tão delicadamente as (me) apelidam.

A questão do assédio sexual nas ruas é a que mais controvérsia traz. As pessoas acham que as mulheres só não gostam de ser assediadas se for por homens feios (sim, já li isto). As pessoas acham que nos armamos em coitadinhas só porque queremos passar na rua e, pasmem-se, não queremos que façam comentários obscenos sobre o nosso aspecto nem propostas sexuais explícitas. Mas as pessoas não compreendem. O rapaz que escreveu aquilo não compreende, porque não é ele que, desde os 12, 13 anos, ouve bocas, ouve apitadelas e sente os olhares de homens que têm idade para ser nossos pais, tios, e avós por vezes.
Muitos países já ponderam fazer do assédio sexual nas ruas um crime. Mal posso esperar que isso chegue cá.



Quantos vídeos/documentários/curtas-metragens deste género serão necessários até perceberem que não é um privilégio nem coitadizinhação, é mesmo por medo?



(*)Claro que houve sempre o comentário daquele gajo cujo amigo uma vez foi assediado porque uma moça lhe tocou no cabelo. E as coitadinhas somos nós.

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