Muito engraçada a forma como eu acabo por criar conteúdo a partir da minha procrastinação. Deveria estar a trabalhar em mais uma análise de mapa astral, mas enrolei o tempo, fiz um conteúdo para a minha página a celebrar a temporada de Virgem, e cá estou.
O exercício de escrever neste blog tornou-se curioso. Por um lado, já debito a maioria das minhas opiniões no Twitter. Por outro, sempre gostei de discorrer mais a fundo nos temas, algo impossível em 140 (280...) caracteres. Isto não tem visitas, muito menos seguidores, mas é um exercício criativo de que gosto. Um escape a todas as minhas presenças nas redes em que posso simplesmente fingir que estou a escrever para uma larga audiência. Ah, e com a vantagem de ainda desenferrujar a minha escrita.
Findo este preâmbulo completamente aleatório, venho aqui falar do Verão que se passou. Pronto, eu sei que *ainda* não passou, mas, honestamente, o Sol sai de Leão e eu já fico mentalmente no Outono. Lembram-se do meu post de Maio a chorar-me pela praia? Já fui, já vim, já não sei se tenho assim tanta vontade de voltar. Enfim, a eterna insatisfação humana.
O Verão passou-se bem, dentro dos possíveis do "novo normal" (linko desenvergonhadamente o meu último post aqui, sobre isto), graças a uns bocadinhos de magia aqui e ali que ajudaram a lidar com uns dias que se revelaram, para mim, um pouco solitários. Assim, apresento-vos neste post a Lista de Coisas que Salvaram o Verão 2020. Vamos dividir por partes.
NETFLIX & CHILL
Ok, malta, eu vejo MUITA Netflix e não me lembro de tudo o que já vi desde Maio, embora tenha andado umas semanas sem lhe ligar nenhuma. Posto isto, vou destacar aqui o que me marcou mais no Verão, e vou fazer por ordem do mais medíocre ao melhorzinho.
1. Cursed
Não conhecia, apareceu-me lá na homepage e eu vi que tinha magia e um ambiente medieval. Para mim, tá ganho. Vi sem grandes expectativas esta historieta Game of Thrones série C, que não me impressionou em nada. Plot fraquinho, personagens pouco desenvolvidas (tanto que pareciam ter todas a mesma personalidade) e nenhuma razão em especial para ficar a desejar uma segunda temporada. Ainda assim: tinha magia? Sim. Fez-me escapar à miséria do mundo? Sim. Divertiu-me? Sim!
2. Unsolved Mysteries
Opá, esta já mexeu mais com o sistema nervoso! O nome é auto-explicativo, mas cá vai: é uma série documental sobre vários casos que ficaram sem resolução. Bom, longe de mim fazer um políciaxplaining, mas pareceu-me que muitos destes casos ficaram por resolver porque não houve assim tanto empenho como isso em resolvê-los...? Se gostam deste tipo de conteúdo true crime, e ainda com uma pitada de aliens (Sim!), aconselho a ver porque vão ficar agarrados.
3. Down to Earth
MÚSICA PARA OS MEUS OUVIDOS
folklore, da Taylor Swift
LIVROS, CONHESES??
[Só para o caso de chegar aqui uma pessoa aleatória, o nome da secção tem um erro ortográfico, sim. O "conheses" tornou-se um meme no Twitter tuga, depois de alguém perguntar a outra pessoa por lá se "conhesia" o 1984, do Orwell.]
Estou muito orgulhosa por me andar a dedicar mais à leitura! Se quiserem acompanhar o que ando a ler em directo, façam-se meus amigos no Goodreads. Talvez no final do ano faça um apanhado de todos os livros que li em 2020, mas por agora vou falar dos três do pico do Verão, por ordem de leitura:
1. Big Magic - Creative Living Beyond Fear, da Elizabeth Gilbert
Aqui, a autora apresenta-nos um guia para aprendermos a lidar com o nosso lado criativo. Se têm um hobby, uma paixão, um lado artístico, tudo isto e mais alguma coisa, aconselho este livro! Está cheio de dicas que nos ajudam a ultrapassar alguns medos e barreiras que nos impedem de criar mais e de viver a nossa Arte. Gostei que a autora mostrasse a sua perspectiva de vida (sabiam que ela só se tornou escritora a tempo inteiro depois do sucesso do Comer Orar Amar?), pois acrescentou uma boa dose de realismo que pode faltar a livros de desenvolvimento pessoal. Destaco particularmente a dica que ela mencionou sobre o medo e a insegurança: encará-los não como inimigos a combater, mas como companheiros de viagem. Dizer a estes dois senhores "eu sei que vocês estão aqui, e podem vir comigo, mas eu vou fazer o meu caminho na mesma". Como alguém que, lá está, sofre com a falta de confiança e reconhecimento do seu valor próprio, esta dica tem-me ajudado quando me sinto bloqueada pelas vozes na minha cabeça que dizem que eu sou uma fraude.
2. You Are a Badass: How to Stop Doubting Your Greatness and Start Living an Awesome Life, da Jen Sincero
Há coisas ali faladas que precisam de mais aprofundamento, e temos sempre de dar o desconto de que estamos a falar de autores norte-americanos. Aquele feeling do self made man está sempre presente, embora também tenham a sorte de poderem fazer negócio com praticamente qualquer coisa, bem como o objectivo de ser rico ou enriquecer, etc e tal. Separem o trigo do joio e tenham sempre a voz da razão presente quando lêem este tipo de livros. Ainda assim, eu adorei a escrita da Jen Sincero e, como alguém que está a tornar o seu projecto pessoal na fonte de rendimento, o livro deu-me ali uma forçinha que eu estava a precisar.
3. Becoming Supernatural, do Joe Dispenza
As minhas advertências em relação a este livro são as seguintes: o autor aborda a meditação de forma científica mas, também, mística e espiritual, pelo que se não estão à-vontade com um pouco de misticismo, este livro não é para vocês, para já. Mais uma vez, fala-se imenso de atrair dinheiro, empregos de sonho, férias pagas, etc (norte-americanos...). E, por último, pode parecer a quem lê o livro que basta seguir as instruções no final de cada capítulo para ascender a estados meditativos profundos. Não é bem assim... A meditação exige anos de prática. A beleza está mais no processo e não tanto no resultado.
HÁBITOS PESSOAIS
Esta secção serve para mostrar que não há conteúdo multimédia ou produtos de cuidado de pele que curem o que está mal em nós. Por vezes, temos mesmo de ser nós próprios a levantarmo-nos (literalmente) e a lutar pelo nosso bem-estar. O início do Verão não foi fácil, para mim. Andei enrolada nos meus pensamentos sobre a vida, o trabalho, o meu valor, enfim, a conversa de sempre. Estive muito desmotivada com o meu projecto, logo quando dei o passo maior, e, em cima disto tudo, passei muito tempo sem ver os meus amigos. Ok, há o telemóvel e tal, mas eu preciso de tempo de qualidade a conversar. Andei a sentir-me muito sozinha e lutei para dar a volta. Acredito que isto me ajudou:
1. Levantar-me cedo e ir ao café de manhã
Quando eu digo levantar-me cedo é aí numas sólidas 9h30... Seja como for, eu sou muito dorminhoca e levantar-me por volta desta hora ajudou-me a regular os meus problemas de sono (sim, eu sou dorminhoca mas tenho dificuldade em adormecer. Nós existimos!). Tomava o pequeno-almoço e ia para o meu café preferido cá da terra, com o portátil, para trabalhar. Adiantei muito conteúdo e muitos mapas nestas horinhas até voltar para casa e ir almoçar. Por norma, à tarde ia à praia. Ou fazia outro plano qualquer com os meus pais, ou voltava a trabalhar.
Sair de casa ajudou-me a lidar com algumas consequências do confinamento: a minha irritabilidade e falta de concentração. Estava naquele nível em que me exaltava com qualquer coisa que os meus pais me diziam, e não estava bem em lado nenhum. Além disto, eu gosto de estar sozinha e em casa isso quase não acontece. Ir trabalhar para o café ajudou-me a limpar a cabeça, a concentrar-me e a mexer as pernas.
O curioso é que, agora, já estou a ponderar alterar esta rotina. Mas ainda estou a acertar comigo mesma os pormenores.
2. Sair do telemóvel e ler antes de dormir
Passo muito tempo no Twitter, embora cada vez me irrite mais lá estar. As conversas saturam-se facilmente, cria-se uma bolha em que toda a gente manda o seu bitaite sobre o mesmo assunto, e acabamos todos esgotados emocionalmente. Para controlar isto, comecei a desligar o Wi-Fi do telemóvel por volta das 23h e passar antes o tempo a ler.
Agora, mesmo que ainda dê uma voltinha nas redes mais tarde, é imperativo que eu leia antes de dormir. É uma forma que eu tenho de acalmar a minha mente de tudo o que está a acontecer lá dentro, relaxando-me e deixando-me pronta para adormecer. Adianto muita leitura aqui, também!
3. Ser gentil comigo própria
Talvez desenvolva um post à parte para isto, porque este mindset ajudou-me muito. Decidi deixar de dar tanta atenção ao meu instinto para me recriminar e, em vez disso, mimar-me, compreender-me e ouvir-me mais. Atenção, isto não é para me deixar ser desleixada, mas para ter um tom compreensivo quando as coisas não correm como planeado. Ter calma comigo mesma caso adormeça e saia de casa mais tarde. Aceitar que está tudo bem quando não consigo acabar as coisas hoje porque estou desconcentrada, e empenhar-me mais amanhã. Perceber que preciso de descansar quando estou nos primeiros dias de menstruação. Ser gentil. Não benevolente, mas gentil.
4. Estar com os amigos
Uau quem diria que as saudades dos amigos se resolviam com... estar com os amigos?! Então, já ali nos finais de Junho e em Julho consegui estar com alguns dos meus amigos, conversar, conviver, cozinhar,... E soube muito bem! Ainda não consegui estar com outros, que isto não anda fácil para se combinar as coisas, mas matei saudades de pessoas muito importantes para mim. Dá sempre aquela motivação extra e um quentinho no coração! <3
E pronto, o meu Verão está aqui condensado neste longo post que ninguém vai ler. Tal como vos disse, já estou mentalmente no Outono e no próximo confinamento, pelo que ando a magicar qual é que vai ser a minha nova rotina daqui para a frente.
Até lá, prosseguimos com gentileza.
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