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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Saí do Twitter e fiquei com medo de voltar

Ainda no mês de Outubro fiz logout do Twitter. Em sensivelmente dez anos de presença assídua naquela rede social, pela primeira vez fiz logout sem data para voltar a entrar. Passaram-se agora sensivelmente três semanas, e estou com medo de iniciar sessão.

A minha decisão não se prendeu com nada de especial. Não houve nenhuma revolta interna contra as redes, não entrei em nenhum escândalo que obrigasse ao recolhimento, nada. Apenas houve uma razão: queria concentrar-me no meu projecto pessoal e sentia que o Twitter era a minha maior fonte de distracção. Estava certa.

Os primeiros dois dias foram os mais complicados, admito. Qual ressacada, dei por mim a aperceber-me de um fenómeno estranho: a minha mente estava formatada para pensar em modo tweet. Tudo o que acontecia à minha volta era comentado por mim, mentalmente, em tom jocoso e de forma sucinta, bem ao jeito do que se lê na TL. Pensava para mim mesma "tenho de tweetar isto!". E, logo em seguida, perguntava-me: porquê? Por que é que tenho de usar megabytes de internet para dizer a estranhos que vou fazer papas de aveia?

Mas é aqui que reluz um pouco da magia do Twitter. Eu não estava a dizer a estranhos, eu estava a dizer aos meus mutuals, aos amigos do Twitter. Pois estamos sempre num flow de conversa solitária que se tem em conjunto, e dessa particularidade eu senti falta. Tenho saudades dos meus amigos do Twitter e, só por aí, vou voltar.

De resto, foi um alívio não estar constantemente zangada com os escândalos que aparecem todos os dias. Há sempre uma notícia má, há sempre uma bronca, há sempre um tweet do André Aventuras a rolar infinitamente. Porquê? Eu não quero voltar para isto. Então, vou voltar, mas com condições.

Estes foram os termos que vim a acordar comigo mesma para este novo regresso, que quero que seja mais consciente, equilibrado e saudável.

1. Fazer logout ao sair da rede

Este é dos métodos mais eficazes para nos manter longe das redes sociais. Se, de cada vez que abrimos a app, tivermos de colocar os dados de login, temos menos tendência para estar a ir ver. Além disso, livra-nos de ter sempre uma notificação chamativa. O que me leva ao segundo ponto.

 

2. Desligar as notificações

Retweet, respostas, novos seguidores, mensagem privada... Nada disso. Retirem as notificações e ganhem espaço mental. Espaço esse que tem de ser controlado ao máximo por vocês. Como?

 

3. Fazer uso do "mute" e do "block"

O tema enerva-te? Não queres ouvir aquela conversa? Aquela pessoa não simpatiza contigo nem tu com ela? Toca a colocar tudo no "mute" para poluir menos a TL. Em caso de emergência, o block está lá para se usar. Como medida extrema, não há nada que se compare à paz de espírito de pôr a conta a cadeado.

 

4. Interagir com consciência e moderação

Da mesma forma que nos sentimos poluídos pelos outros, também a nossa conversa pode ser desnecessária para o vizinho. Assim, da próxima vez que quiseres fazer um RT a comentar a polémica do dia, ou responder a um troll qualquer, pensa duas vezes. Pergunta-te se é necessário dar essa atenção, ou se podes comentar de forma mais sossegada, para teu desabafo.

 

Vou voltar. Gosto de estar informada e a par dos memes do mundo, e tudo acontece em primeiro lugar no Twitter. Além disso, tenho saudades dos meus amigos da rede e de todas as contas de Astrologia e ocultismo que sigo. Vou aplicar aquelas regras a mim mesma e ver como corre. A paz de espírito e o espaço mental que recuperei nestas três semanas foi ouro. E não quero vê-los a ser roubados pelo passarinho azul outra vez.

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