uma quote perdida no meu pinterest que acabou por fazer sentido |
Tenho pensado muito na forma como, enquanto estamos a ponderar que decisão tomamos, a decisão é tomada apesar de nós. Vou pôr isto em termos práticos: acontece-me, com frequência, entrar no metro e ficar a olhar para um lugar vazio e pensar “hum… será que me quero sentar ali?”, e enquanto fico a pensar nisso, entra alguém e vai-se lá sentar. Pronto. Ah, não quiseste decidir e assumir a tua posição? Então a vida, o mundo, o universo, deus, buda, o que lhe quiserem chamar, decide por ti.
Não consigo distinguir se estou a sentir-me estagnada e com vontade de mudar ou se estou só com medo de me deixar ir e não saber onde vou parar. Há muito que paira na minha cabeça a vontade de voltar a estudar, mas pergunto-me se quero realmente voltar a estudar ou se estaria a embarcar numa longa e dispendiosa jornada para sentir que tenho o controlo de algo. Para sentir que assim vou conseguir ganhar mais dinheiro, que vou conseguir viver a minha vida. Não sei.
Ontem cheguei a falar disso com os meus pais, de forma muito leviana, e senti apoio. Depois, sentei-me ao computador e vi que o prazo para as candidaturas ao regime de Maiores de 23 acaba agora em Abril. Ou seja, já era uma decisão que eu teria de ponderar muito seriamente, e ter visto que o prazo acabava agora foi a confirmação de que a vida, mais uma vez, decidiu por mim: é óbvio que não tenho capacidade para tomar esse passo de forma impulsiva. Não será no ano lectivo 2023/2024 que volto a estudar. Ponto positivo: agora tenho cerca de 1 ano para marinar a ideia e pensar, ponderar, repensar, ver onde a vida me leva até lá.
No final do dia, tudo se resume a uma questão de prioridades. E, apesar de o cenário não estar famoso, de eu poder parecer irrealista, de ser preciso uma grande sorte, a minha prioridade continua a ser conseguir comprar uma casa para mim. Ir estudar implicava adiar este sonho em 5 anos e alguns milhares de euros… Porque para estudar e trabalhar teria de ingressar no ensino privado, e isso significa que as minhas poupanças, que tanto me custam a construir, teriam de se sacrificar. Tudo para só me conseguir formar aos 34 anos. E estar, ainda aos 34 anos, a viver como estou hoje. Enfim, a espiral de pensamentos foi por aí abaixo.
Não consigo distinguir se estou com vontade de mudar, ou se estou apenas aborrecida à espera que a vida desenrole. Tenho dias em que estou farta do meu trabalho, das quezílias, do horário, e assusta-me que esteja à procura de soluções mágicas que me vão custar tempo e dinheiro. Assusta-me sentir que estou tão perdida como estava em 2019, quando me despedi da penúltima agência onde trabalhei e jurei que nunca mais iria parar a essa área (acabei por voltar ainda esse ano, e depois fui dispensada já em cenário covid). Sei que não estou nessa fase porque todos os dias me levanto, apresento-me ao serviço, ganho o meu ordenado e giro a minha vida. Se estou na fase onde preciso de estar, então porque é que estou sempre à procura de novas saídas e novos estímulos? Porque é que não aceito que, para agora, isto é o que preciso de viver? Eu sei, eu racionalmente sei, que este trabalho há-de ser temporário e mais um na minha vida. Mais vale aproveitar enquanto o tenho, certo?
Aqui segue uma lista de coisas aleatórias que só serão possíveis na minha vida porque vou continuar, por enquanto, como estou: investir em mais certificados de aforro, comprar uns ténis novos, viajar de vez em quando, fazer novos projectos de crochet, ir aprender a costurar à máquina, fazer yoga, ter a consciência tranquila de que estou a trabalhar para, pelo menos, um sonho. O maior sonho.
Quando estou no metro a pensar se me vou sentar no lugar vazio e entra alguém e decide por mim, sorrio para mim mesma e sigo a minha vida, afinal de contas ia já sair na próxima paragem. Estando neste trabalho, com estas funções, este horário, este ordenado, sem saber o que decidir, quero acreditar que abro um espaço para que a vida decida por mim. Com sorte, essa decisão faz-me sorrir para mim mesma e seguir em frente, para melhor.
Não consigo distinguir se estou a sentir-me estagnada e com vontade de mudar ou se estou só com medo de me deixar ir e não saber onde vou parar. Há muito que paira na minha cabeça a vontade de voltar a estudar, mas pergunto-me se quero realmente voltar a estudar ou se estaria a embarcar numa longa e dispendiosa jornada para sentir que tenho o controlo de algo. Para sentir que assim vou conseguir ganhar mais dinheiro, que vou conseguir viver a minha vida. Não sei.
Ontem cheguei a falar disso com os meus pais, de forma muito leviana, e senti apoio. Depois, sentei-me ao computador e vi que o prazo para as candidaturas ao regime de Maiores de 23 acaba agora em Abril. Ou seja, já era uma decisão que eu teria de ponderar muito seriamente, e ter visto que o prazo acabava agora foi a confirmação de que a vida, mais uma vez, decidiu por mim: é óbvio que não tenho capacidade para tomar esse passo de forma impulsiva. Não será no ano lectivo 2023/2024 que volto a estudar. Ponto positivo: agora tenho cerca de 1 ano para marinar a ideia e pensar, ponderar, repensar, ver onde a vida me leva até lá.
No final do dia, tudo se resume a uma questão de prioridades. E, apesar de o cenário não estar famoso, de eu poder parecer irrealista, de ser preciso uma grande sorte, a minha prioridade continua a ser conseguir comprar uma casa para mim. Ir estudar implicava adiar este sonho em 5 anos e alguns milhares de euros… Porque para estudar e trabalhar teria de ingressar no ensino privado, e isso significa que as minhas poupanças, que tanto me custam a construir, teriam de se sacrificar. Tudo para só me conseguir formar aos 34 anos. E estar, ainda aos 34 anos, a viver como estou hoje. Enfim, a espiral de pensamentos foi por aí abaixo.
Não consigo distinguir se estou com vontade de mudar, ou se estou apenas aborrecida à espera que a vida desenrole. Tenho dias em que estou farta do meu trabalho, das quezílias, do horário, e assusta-me que esteja à procura de soluções mágicas que me vão custar tempo e dinheiro. Assusta-me sentir que estou tão perdida como estava em 2019, quando me despedi da penúltima agência onde trabalhei e jurei que nunca mais iria parar a essa área (acabei por voltar ainda esse ano, e depois fui dispensada já em cenário covid). Sei que não estou nessa fase porque todos os dias me levanto, apresento-me ao serviço, ganho o meu ordenado e giro a minha vida. Se estou na fase onde preciso de estar, então porque é que estou sempre à procura de novas saídas e novos estímulos? Porque é que não aceito que, para agora, isto é o que preciso de viver? Eu sei, eu racionalmente sei, que este trabalho há-de ser temporário e mais um na minha vida. Mais vale aproveitar enquanto o tenho, certo?
Aqui segue uma lista de coisas aleatórias que só serão possíveis na minha vida porque vou continuar, por enquanto, como estou: investir em mais certificados de aforro, comprar uns ténis novos, viajar de vez em quando, fazer novos projectos de crochet, ir aprender a costurar à máquina, fazer yoga, ter a consciência tranquila de que estou a trabalhar para, pelo menos, um sonho. O maior sonho.
Quando estou no metro a pensar se me vou sentar no lugar vazio e entra alguém e decide por mim, sorrio para mim mesma e sigo a minha vida, afinal de contas ia já sair na próxima paragem. Estando neste trabalho, com estas funções, este horário, este ordenado, sem saber o que decidir, quero acreditar que abro um espaço para que a vida decida por mim. Com sorte, essa decisão faz-me sorrir para mim mesma e seguir em frente, para melhor.
PS: a escrita é uma ferramenta mágica: antes de publicar encontrei este post de há 4 meses e quero acreditar que o meu eu passado, de alguma forma sobrenatural, estava a escrever para mim, agora.
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